11 da noite e a rua deserta.
a única presença além deles é das luzes do semáforo,
que conversam de tempo em tempo, em cores daltônicas,
com as luzes amarelas da iluminação pública.
os pés dele estão em cima do porta-luvas, mas não de um jeito folgado.
os pés dela estão nos pedais do carro, prontos para a mecânica
de acelerar, freiar e apertar a embreagem quando necessário.
depois de horas de conversa,
ao contrário do que os dois querem,
nenhum dos seus problemas parece mais ter solução.
então ele bate a parte da frente dos pés de seu sapato preto.
três vezes.
na desesperada tentativa de mudar as coisas num passe de mágica.
"não há lugar como o nosso lar."
mas o lar não é mais o lugar em que esperavam estar.
quando tudo muda, a mudança vira rotina,
e nem com propina ela volta mais a mudar.
é tudo isso ou nada daquilo.
"não há lugar como nosso lar."
se depender do meu sapato preto, ninguém nunca mais vai se machucar.
"não há lugar como nosso lar."
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