quarta-feira, 3 de setembro de 2008

todas as mulheres
todos os beijos delas
as formas variadas como amam
e falam e carecem.

suas orelhas.
elas todas têm orelhas.
e gargantas e vestidos,
e sapatos e automóveis,
e ex-maridos.

principalmente
as mulheres são muito quentes
elas me lembram a torrada amanteigada
com a manteiga derretida em cima.

tem algo em seu olhar.
elas foram tomadas, foram enganadas.
não sei mesmo o que fazer por elas.

sou um bom cozinheiro,
um bom ouvinte,
mas nunca aprendi a dançar
eu estava ocupado com coisas maiores.

mas gostei das camas varias
lá delas
fumar um cigarro
olhando pro teto.
não fui nocivo nem desonesto.
só um aprendiz.

sei que todas têm pés e cruzam
descalças pelo assoalho
enquanto observo suas tímidas bundas na penumbra.
sei que gostam de mim
algumas até me amam
mas eu amo mesmo só
umas poucas.

algumas me dão laranjas e pílulas de vitaminas
outras falam mansamente da infância e pais e paisagens,
algumas são quase malucas 
mas nenhuma delas é desprovida de sentido.

algumas amam bem,
outras nem tanto.
as melhores no sexo nem sempre são as melhores em outras coisas.
todas têm limites como eu tenho limites
e nos aprendemos 
rapidamente.

todas as mulheres todas as
mulheres todos os
quartos de dormir
os tapetes as
fotos as
cortinas, tudo mais ou menos.

como uma igreja só
raramente se ouve
uma risada.

essas orelhas esses 
braços esses
cotovelos esses olhos
olhando, o afeto e a
carência me
sustentaram, me
sustentarão.

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