segunda-feira, 16 de novembro de 2009

água com açucar.

água com açúcar me lembra morte.
o cheiro e o gosto doce me lembram as lágrimas salgadas escorrendo dos rostos das pessoas.
e a pessoa na sala ao lado, deitada no caixão.
o copo com água turva, quase sempre tremendo,
me lembra a empregada que chorava porque o namorado foi atropelado pelo ônibus.
me lembra meu avô que era a pessoa mais doce desse mundo,
mais doce até do que a água com muito açúcar.

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

à la mode.

emo mode on.

emo mode off.

hugo chávez.

as mulheres, a princípio, estão desesperadas para conseguir alguém com quem se esquecer do tempo, e se esforçam muito para tanto.

os homens, por outro lado e igualmente a princípio, não querem alguém pra se esquecer do tempo.

logo, quando duas pessoas começam a namorar. Existem dois lados. As meninas já conseguiram o que queriam. alguém pra se esquecer do tempo, e elas acabam, dentro desse sossego, se esquecendo do resto. mission accomplished.

pelo mesmo lado que falei antes, os homens, não conseguiram o que queriam ainda. agora que eles largaram a solteirice, eles tem que fazer valer a pena, e se esforçam muito para tanto.

enquanto isso, as meninas mission accomplished estão sossegadas.

e os homens fazer valer acabam ficando no vácuo.

e é a isso que se resume as relações interpessoais da américa latina.
quando pequeno não queria ser padre, jogador de futebol ou advogado.

queria ser lixeiro.

simplesmente se divertia com eles correndo atrás dos caminhões, gritando e assoviando.

então o tempo foi passando, e seus sonhos foram mudando.
ele foi crescendo, tendo mais responsabilidades.

ele acabou virando publicitário.

e é meio que feliz.

essa é a vantagem de desejar pouco.

pão.

Tenho 5 idéias por dia pra fazer um texto.
Mas todas me fogem como se antes ali nunca estivessem.
Na hora é tanta certeza de que vai dar um texto bom,
e assim que o ônibus faz a curva e a paisagem muda,
muda derrepeente a certeza intermitente.

É como ter vergonha do próprio pé.

domingo, 26 de julho de 2009

Como fazer amigos e Influenza A pessoas.

Hoje é muito fácil entrar em contato com alguém.
Isso é muito ruim.
Quando você quer ficar sozinho, logo liga alguém.
Quando você não quer ficar sozinho, tudo bem.

Tem amigos que você não quer ver, mesmo gostando,
tem meninas que você quer ignorar, justamente porque não gosta,
tem o mundo inteiro que pode te tirar da paz apertando um botão.
que bosta.

que bosta.

domingo, 24 de maio de 2009

my very own dorothy spell.

11 da noite e a rua deserta.

a única presença além deles é das luzes do semáforo,
que conversam de tempo em tempo, em cores daltônicas,
com as luzes amarelas da iluminação pública.

os pés dele estão em cima do porta-luvas, mas não de um jeito folgado.
os pés dela estão nos pedais do carro, prontos para a mecânica
de acelerar, freiar e apertar a embreagem quando necessário.

depois de horas de conversa,
ao contrário do que os dois querem,
nenhum dos seus problemas parece mais ter solução.

então ele bate a parte da frente dos pés de seu sapato preto.
três vezes.
na desesperada tentativa de mudar as coisas num passe de mágica.

"não há lugar como o nosso lar."

mas o lar não é mais o lugar em que esperavam estar.

quando tudo muda, a mudança vira rotina,
e nem com propina ela volta mais a mudar.

é tudo isso ou nada daquilo.

"não há lugar como nosso lar."

se depender do meu sapato preto, ninguém nunca mais vai se machucar.

"não há lugar como nosso lar."

domingo, 17 de maio de 2009

I'm older than I wish to be
This town holds no more for me
All my life I try to find another way
I don't care for your attitude
You bring me down I think you're rude
All my life I try to make a better day

It's hard enough being alone
Sitting here by the phone
Waiting for my memories
To come and play

It's hard enough sitting there
Rockin' in your rockin' chair
It's all too much for me to take
When you're not there

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Parabéns.

.
.
.
.
.
Meus Parabéns ao Corinthians, Campeão Invicto do Paulistão 2009.






terça-feira, 28 de abril de 2009

gripe suína

- atchim!

- saúde.

- óinc!

cadeiras vermelhas.

abrem-se as portas.
a 2, a 3 e a 4.
mas só da primeira e da última as pessoas saem.
a do meio fica alguns segundos aberta, parada.
de repente uma multidão de 6 velhinhas entra,
sedentas, se estapeando entre sacolas enormes da rua XV.
seus sapatinhos gastos
vão o mais rápido que os tocos rugosos
toscamente talhados pelo tempo permitem.

.

os óculos grossos e meio tortos focalizam os únicos 4 lugares livres no ônibus.

farfalha.

a de roxo usando moleca se senta no primeiro.
a de toca de reggae sem cores desaba no próximo,
quase quebra o osso da bacia.
a normalzinha senta ao lado de uma menina estranhinha.
a última olha para as amigas e pensa duramente
num pequeno espaço de tempo.
mas o peso da idade e das sacolas é maior que o da consciência.

as outras duas fizeram pole-dancing com a curva do passeio público.

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

limpou sua lágrima negra como um faxineiro
tocou sua bochecha ainda um pouco suja como quem se despedia
depois disso sua mão desceu pelo seu corpo e tocou-lhe suas costas como quem diz 'se aprochega'
recostou o ouvido em seus seios, mas pra escutar o coração
que ele sabia que por causa dele batia um pouquinho mais forte que o normal
bagunçou seu cabelo pra brincar de carnaval
e abraçou-a pra dizer que nunca vai perdê-la, mesmo distante,
mesmo por um tempo.

e é barulho demais na minha cabeça.
eu só quero um pouco de descanso.

%-Radiohead-Paranoid Android

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

se eu escrever agora não vai sair nada de bom.
fica pra outra.

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

mulheres melhores

milhares de mulheres melhores.

eu tentarei acreditar.

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

i'm back.

um mestre de xadrez, maníaco.
com braços moles e vibrantes que acompanham o ritmo da música freneticamente.
no alto de um morro sob a lua gigante atrás,
Beethoven.
em sua melhor forma, um cachorro.

satisfaz-se com pequenos movimentos de rainha e grandes ataques de peão.

intenso.
ao agarrar sua peça com o polegar e a cada joga alternar,
indicador,
médio,
anelar,
mindinho.
acredita tal mania dar sorte e não bloquear sua mente.

mas são teclas demais num teclado de piano,
só não mais que as de um de computador.

domingo, 18 de janeiro de 2009

nos 30

esses dias eu estava assistindo se vira nos 30.
e uma coisa bem engraçada aconteceu.
um senhorzinho bem esquisito.
com óculos daqueles que aumentavam os olhos, deixando-o ainda mais simpático, se apresentou.

o que faço? eu faço as pessoas chorarem em trinta segundos.

o relógio disparou, e o velhinho ficou parado no mesmo lugar.
aos 28 ele deu um pequeno espasmo na perda direita, nada muito aparente.
aos 27 ele começou a andar bem devagarzinho, passo antepasso em direção à câmera.
o cenário num silêncio macio.
à medida que ele se aproximava, algo nele parecia que secava.
ia envelhecendo mais e mais, mas não de um jeito feio.
alguém já diria que seus cabelos eram perfeitamente brancos,
mas a cada passo eles clareavam impossivelmente mais.

parecia que ia cansar de andar a cada instante.

quando a figura do seu rosto dominou a câmera,
piscou duas vezes.
retirou seus óculos.
sobrancelhas grossas.
a marca do óculos no nariz.
os olhos...
remelentos.
gelatinosos.
verdes.
ou talvez castanhos.
as rugas talhadas em madeira encerada.
e as partes cartilaginosas espantosamente volumosas.

mas o que importa é que dava pra ver muita coisa na cara daquele velhinho.
coisas que a gente nunca achou que ia ver de nós mesmos.
ele simplesmente pegou aquele sentimento que eu tenho às vezes,
de que eu deveria virar um mochileiro filantropo
e de todas as coisas erradas que tem no mundo, que eu geralmente consigo ignorar,
e enfiou todos ao mesmo tempo na minha garganta.
insuportáveis de aguentar.
foi como ter arrancado um outro corpo meu de dentro de mim.

nesse instante, as paredes do auditório acima da platéia subiram,
e aonde antes haviam pessoas, inundou-se uma enorme e violenta cachoeira.

aquele dia não fui pro trabalho.

ontem.

agora já faz algum tempo que não ouço meu filho reclamar das minhas namoradas.
ele sempre encontrava um motivo suficientemente bom para que eu as largasse.
ou talvez a facilidade de deixá-las vinha de mim, e ele era só o empurrãozinho que eu precisava.

ele se mudou, faz faculdade em outra cidade logo ali a uns 460km. é muito querido pelos amigos, festa muito e gosta bastante do que faz. gosta de café com leite e pão com manteiga, de dormir depois do almoço e de desenhar coisas com a espuma de barbear no espelho. está se tornando um adulto bastante agradável.

agora eu quero uma filha pra cortar a unha do meu pé.

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

there's not a thin line between love and hate
there's actually a great wall of china with arm centuries every twenty feet between love and hate.