domingo, 7 de dezembro de 2008

08-12-05

Ao requinte mando meu recado
esqueça tanta inutilidade.
Se és mesmo requintado,
saberás o valor de um grito apaixonado.
Saberás em que se transforma estar atrasado uma hora
Quando se está com o grande amor.
Não vou mandar ninguém embora,
Meu desejo não é controlar, como um diretor,
Mas ter uma visão plena do mundo que aí está.

Quero vida nova, ou velha vida renovada.
O Ócio atenta meu Ópio.
Nem bom nem ruim, apenas Sóbrio.
Saberíeis dizer o quanto estás apaixonada?

Meço-me em vertigens
Ao tanto plano sou fiel
A mim mesmo e às moças virgens
Minha função de Anjo Gabriel.

Meu cuturno não é de general,
Minha sombra não se faz presente.
Tu'alma me amedronta inteiramente
É tão forte e tão fraca, tão Real.

Ao medo mando uma designação:
Que venha de rebento
e não sejas covarde!
Pois minha espada é honrosa!
Não tenho escrúpulos pra falar
De sua solidez desatinada.
Continue erguendo muros à sua volta,
e acabarás por sentir-se abandonada.

Oh relâmpago de paixões que me recai.
Retumbe em meu peito mais uma vez
Pra que eu sinta a certeza do que queres
Se é que queres algo além de machucar.

Quatro noites em meu quarto não são suficientes.
Com os pés pelas mãos ou o coração pela mente.
Foi o que fiz sem ao menos sentir qualquer emoção,
Pois a mim negada foi tamanha liberdade intermitente.

Não me desculpo mais. Não me redimo.
É tão infeliz essa atitude,
Ás margens de tanto sentimento lindo.
Megulhemos duma vez, sem medo nesse açúde.

Toquemos o fundo, com as mãos
e os pés direcionemos aos céus
Numa desesperada tentativa de esquecer
O ar ausente em nossas vidas já submersas.

É difícil não sentir.
Não.
Não me peça pra esconder
Não me peça pra sumir
Sentimento não se prende.
Se deixa fluir.

Conheci uma vez um sentimento aprisionado
Vivia de pão e água e olhe lá, o coitado,
A megera supostamente indomada que o sentia
Trancava-o no calabouço ao raiar de cada dia.

Mas à noite nem a força de mil cadeados era suficiente.
E o sentimento triunfante erguia-se ardentemente.
Tomava conta de todos os sonhos e da mulher como um todo.
E lágrimas rolavam, e dentes rangiam num concerto incômodo.

Certo dia a mulher esqueceu-se de trancá-lo,
Não se sabe se por simples desvario
ou por ironia do sempre algoz destino.
O amor dela pelo homem não era mais ralo.

Era agora para sempre forte e presente
E tamanha confusão na vida dela aprontou o demente
Que em apenas alguns dias ela não era mais consciente
Do que eram seus valores e de quanto valia sua vida.

Se Esquecera de seu orgulho e sua liberdade
E dissera tanta coisa, tudo verdade.
A esse homem feliz ou infeliz comprometido.
Com sua própria vida e seu coração ferido.

Homem esse, egoísta e insensato.
Insensível, praticamente um pato.
Não soube administrar tamanha paixão
E inundou-se em seu antro de perdição

Essa foi a consequência de se prender o sentimento,
Ele ficou raivoso, impulsivo e até meio nojento.
Fez de coitado o homem e a mulher só de vingança.
Quer um conselho de amigo?
Não faça isso com ele, no fim das contas você sempre dança.





...é





% - Os Paralamas do Sucesso - Flores no Deserto

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